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medibank melbourne

 “... from health insurence to ‘health assurance’”

Sede Austrália – 2014

      Companhia Australiana que nos últimos anos deixou de ser uma companhia tradicional de plano de saúde e fez esforços para se remodelar como líder em medidas preventivas e de conscientização sobre qualidade de vida, para assegurar saúde e bem-estar. Essa ideologia procurou se materializar partir do próprio ambiente de trabalho em Melbourne, o que também significa na própria equipe.

    Uma vez que pesquisas feitas na Austrália mostraram que 69% dos australianos se sentiam prejudicados físico e emocionalmente pelo ambiente de trabalho, a Medibank buscou renovar a conduta e concepção em volta dessa tipologia de espaço. Assim, passou à incentivar nacionalmente uma mudança de perspectiva em relação ao espaço de trabalho e à apoiar uma vida saudável para os seus mais 3500 funcionários em toda Austrália.

           Elencando as componentes do que forma um ambiente de trabalho próspero, como colaboração e produtividade, a saúde foi selecionada como prioridade e concomitantemente foi percebido que tal seleção geralmente não ocorre. Desse modo, a equipe da Hassell teve como desafio encontrar estudos de caso de espaços de trabalho ‘saudáveis’, ou seja, onde isso ocorria. Neste momento, foi a própria Medibank que ofereceu estudos relacionados à psicologia do exercício e às causas de absentismo, ou seja, o escritório de arquitetura precisou fazer estudos sobre a psicologia do trabalho e de funcionários, bem como de comportamentos físicos e emocionais para ser capaz de projetar o espaço.

           Assim, após ter o proposito bem claro foi necessário entender o que exatamente o ambiente de trabalho saudável significava e a partir de quais elementos ele se materializaria.

“we know that typical work behaviours – long hours sitting at a desk, for example – lead to increased risk of chronic conditions”

       O edifício da Medibank se destaca em meio a um entorno verticalizado, cinza e cru, a partir de curvas brancas orgânicas imponentes, visibilidade nas fachadas envidraçadas e um grande espaço verde acessível ao público. A vegetação, com suas características e contribuições psíquico-sociais, foi um dos partidos buscados, onde além das aproximadamente 11000 plantas do ambiente interno, previu-se para as fachadas a colocação de nichos e trepadeiras, como modo de amenizar o impacto do edifício de 23 andares nas pessoas no lado externo. Percebe-se que a preocupação de levar o verde ao cotidiano das pessoas inclui a comunidade da Medibank, mas também a de Melbourne.

      O espaço interno formou-se baseado nas contribuições positivas do contato com a natureza, iluminação natural e uma quantidade considerável de vistas para a cidade. Para somar, projetou-se um átrio de iluminação e ventilação natural rodeado por rampas espirais, passarelas em loop e com escadas, as quais, acredita-se que por dialogarem com o ritmo do corpo humano, são capazes de estimular performance nos usuários e estimular a presença de movimento pelo edifício. As escadas também foram desenhadas para serem a maneira mais fácil de ir de um andar para outro, de modo que incentiva a atividade física combinada com o trabalho.

     As cores também executam papel fundamental na dinâmica e comunicação dos ambientes, onde as combinações de tonalidades claras incitam tranquilidade. Essas, juntas com o verde da vegetação, o tom de branco puro predominante, a textura de materiais naturais e saturações protagonista de cada pavimento, criam e transmitem sensação de continuidade, de serenidade, de qualidade de ar, saúde e portanto, vitalidade.

        Além disso, pensou-se em diferentes locais possíveis de exercer as tarefas de trabalho, de maneira a encorajar o deslocamento e escolha particular das pessoas e assim evitar a costumeira imobilidade e enfastiamento. O design de interior foi projetado pela Hassell e outras três firmas, a Chris Connell, Kerry Phelan e Russel & George, e pensado para oferecer amplas possibilidades de escolha pelos funcionários frente às demandas e ocasiões do dia a dia. Para explicitar esse leque, o edifício conta com mais de 26 configurações de trabalho, que vão desde espaços silenciosos e fechados e nichos colaborativos até varandas com wi-fi nas áreas públicas do prédio.

      A gestão da Medibank buscou desenvolver atividades de pós ocupação que dariam sustento para a mensagem que a construção busca passar. Como, eventos de confraternização de equipe e pedômetros para todos os funcionários, em que os números de passos são convertidos em ativos para a companhia. Nesta linha, um dado conhecido é que são precisos 300 passos para subir a rampa, e passou a ser comum grupos fazerem reuniões caminhando ou subirem a rampa para se reunirem. Como é de se esperar, embora tradicionalmente ignorada pelas corporativas, a saúde psicológica também foi considerada e ocorrem atividades trimestrais de mindfullness, yoga e meditação.

       Outra disposição prevista que exemplifica o conceito de saúde buscado pela edificação e sua amarração entre o pessoal, o usuários e a população, foi a cozinha demonstrativa do edifício, projetada de maneira a ficar visível para no parque público. As intenções da comunidade da Medibank era encorajar e educar as pessoas à cultivarem e prepararem refeições, para praticarem um hábito e dieta saudável. Kylie Bishop, Administradora Executiva Geral da Medibank fecha a entrevista dizendo que ter em mente e prover permissão para que todas as pessoas participem tem sido uma parte crucial de todo o processo.

 

Fonte: GROVES, Kursty; MARLOW, Oliver. Spaces for Innovation. The Design and Science of Inspiring Environments. Páginas 249-255. Frame Publisher. 2016.

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